Analogias no Ensino

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios... 
Por isso, cante, ria, dance, chore e viva 
intensamente cada momento de sua vida, 

antes que a cortina se feche e a peça 

termine sem aplausos..." 



Charles Chaplin




A linguagem é o meio importante de comunicação no qual se dá a educação, logo a mediação de informações para a construção do conhecimento. Na modalidade de Ensino de Ciências tem-se usado a linguagem metafórica e analógica como estratégia para auxilio de compreensão de temas na sua abstração.
Segundo Cachapuz (1989, p.118) o uso de linguagem metafórica [no sentido analógico]:
 é umas das maneiras de fomentar um estilo menos rígido e mais expressivo no ensino de Ciências, cuja importância em facilitar a transferência do conhecimento de um domínio conceptual para outro (menos familiar) foi desde de sempre reconhecida.
Como partes integrantes da linguagem metafórica têm o uso de muitas figuras de linguagem e construções, as que mais se destaca nesse grupo de comparações são as “analogias e metáforas”. Muitas vezes são confundidas as analogias e metáforas, mas as mesmas são comparações entre domínios de conhecimentos, um familiar e outro desconhecido, que se relaciona nas suas similaridades.
Goulart (2008) faz uma síntese dos estudos de Mol (1999) compreende as linguagens figurativas nos campos de comparações, no qual as comparações implícitas são comparações em que as relações entre os conceitos não são claras. Elas são: 1) metáforas, são comparações   implícitas   entre   conceitos   realizadas através de descrições que realçam qualidades que não coincidem; 2) alegorias,  são   comparações   implícitas   entre   conceitos   através   da representação de qualidades que não coincidem entre eles. As comparações  explícitas  são um  tipo de comparação em que as   relações  entre os conceitos são enunciadas. Elas são: 1) modelos,  são comparações explícitas  feitas entre um conceito alvo e uma imagem ou objeto que o represente; 2) analogias, são comparações explícitas feitas entre conceitos através da descrição de suas similaridades.
Segundo Pádua (2003) citando Santos et al. (1990, p. 7) relaciona o significado etinológico de analogia:
“Ana = de acordo com, segundo”.
Logos= razão.
Portanto, segundo uma razão. No sentido original (empregado pelos gregos): proporcional.
Analogia é uma comparação entre dois campos para Duit (1991), mas analogia vai além de uma comparação, não deve ser tratado como relação de semelhança entre objetos diferentes, quer por razões de semelhanças ou de dependência causal, mas contém em si mesma uma função heurística (OLIVEIRA, 1996 apud FABIÃO; DUARTE, 2006).
O pensamento analógico considera a semelhança entre campos diferentes que busca a correspondência, isto é fundamental para os processos de compreensão de conteúdos novos, a partir do conhecimento prévio pode existir uma re-significação entre os campos alvo e o análogo. Faz-se isso a todo o momento quando nos defrontamos com novas situações, buscamos algo parecido para analisá-lo e tenta compreender o novo objeto. Logo fazemos lógicas metafóricas e analógicas intuitivamente sem percebermos, ainda mais na sala de aula ou lendo um livro.
A distinção entre analogias e metáforas pode ser compreendida como: as analogias estruturam-se no raciocínio analógico, são comparações entre dois domínios, sendo estes o domínio familiar ou conhecido e o domínio desconhecido que se pretende conhecer através da analogia, a relação analógica. A metáfora se estrutura numa comparação entre dois domínios de forma implícita, aproximando-se de uma proporcionalidade de uma analogia (GENTNER 2001, p.1999). Logo sendo, as partes básicas de uma analogia é domínio familiar, domínio a desconhecido e relação analógica. Sendo que muitas metáforas podem ser confundidas com analogias simples, no entanto, sempre a analogia defini o objeto de comparação, a metáfora não, é implicita. Tendo nos trabalhos uma diversidade de termos que nomeiam essas partes, entre os mais freqüentes:
Domínio familiar: fonteanálogoveículo, e âncora.
Domínio desconhecido: alvo e tópico.
Relação analógica: relações analógicas, mapeamento, correspondência analógica, e semelhanças e diferenças.
Na presente investigação optaremos pelos seguintes termos:
Análogo: referindo-se ao campo familiar e conhecido;
- Alvo: referindo-se ao campo a ser conhecido e que me pretendi relacionar, compreender e ensinar;
Relação analógica: correspondendo ao conjunto de relações relevantes estabelecidas entre os domínios análogo e alvo, recursivamente.
As analogias a partir de uma proposta de metodologia foi organizado do estudo em livros textos foi realizado por Glynn (1991) conhecida como “Teaching with Analogy – TWA” (Ensinado com analogia) baseada em seis passos, que também foi assumido como método para realização de exposição de analogia em aulas de Ciências. Harrison e Treagust (1984) ampliaram a reflexão dessa metodologia sobre a forma de mapeamento analógico (GENTNER, 2001) e a inversão dos dois últimos passos no processo de melhor compreensão na mudança conceitual através de analogias. Sendo as referencias mais citadas em trabalhos com analogias, devido a sua simplicidade e objetividade (DUARTE, 2005).
O uso de Analogias no Brasil há diversos trabalhos, nos quais em ligação a Zoologia há Schulz et al. (2007) realizou trabalhos com analogias no modelo TWA (GLYNN, 1991) no conteúdo de invertebrados em equinodermos por meio pictórica em cartazes utilizando personagem de desenho animado do “Bob Esponja claça quadrada” e seus personagem.
Figueroa et al. (2003) utilizou a Metodologia de Ensino por Analogia - MECA (NAGEM et al., 2001) para ensino de taxonomia zoologia por meio da analogia com classificação bibliográfica na compreensão da divisão e sistematização dos animais. 
Marcelos e Nagem (2008) e Nagem e Marcelos (2005) utilizaram o tema da “Árvore da Vida” da teoria da evolução de Darwin com uso metafórico e analógico com professores para ensino de biologia que é ligado ao conteúdo de Zoologia através do MECA (NAGEM et al, 2001).
No que tange a artigo relacionados ao livro didático volume único de Biologia para o Ensino Médio há os trabalhos de Hoffmam e Scheid (2006 e 2007) e também há em livros de Física e Química. No caso de Hoffmam e Scheid realiza uma analise qualitativa (sem quantificações das mesmas) dos livros de cidade de São Luiz Gonzaga-RS, baseado na classificação de Ferraz e Terrazzan (2001), e no segundo trabalho realiza na mesma investigação acrescida de analise em profundidagem das analogias no método TWA de Glynn, no qual chegou a resultados semelhantes ao presente artigo. Há também Pedroso et al. (2007) que realizou um trabalho comparativo com os métodos TWA de Glynn e cassificação de Curtis e Reigeluth (1984) com analogias em coleções didática de edições diferentes do Ensino Médio.

Para da continuidade, Nersessian (1995) apud Goulart (2008, p. 10) entende que o papel da analogia no ensino importante, “que considera a sua função constituinte do pensamento científico e, portanto, necessária na alfabetização científica, essencial à formação básica do cidadão.”
Referencias
 CACHAPUZ, Antônio. Linguagem metafórica e o ensino de ciências. In: Revista Portuguesa de Educação, v. 2, n. 3, 1989.
DUARTE, Maria da Conceição. Analogias na educação em ciências: contributos e desafios. In: Investigações em Ensino de Ciências. v. 10, no 1, mar/2005. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/public/ensino/revista.htm> acesso em 21/01/2008.
DUIT, R. On the role of analogies and metaphors in learnin science. In: Science Education, v. 75, n. 6, p. 649 - 672, 1991.
FABIÃO, L. S.; DUARTE, M. D. As analogias no ensino de Química: um estudo no tema Equilibrio Químico com alunos/futuros professores de Ciências. Em: NARDI, R.; ALMEIDA, M. J. P. M. (org.). Analogia, leituras e modelos no Ensino da Ciência: a sala de aula em estudo – São Paulo: Escrituras Editora, 2006.
FERRAZ, D. F.; TERRAZZAN, E. A. O uso de analogias como recurso didático por professores de Biologia no ensino médio. In: Revista da ABRAPEC. v.1, n.3, p. 124-135, 2001.
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GENTNER et al. Metaphor Is Like Analogy. In Centner, D., Holyoak, K.J. , & Kokinov, B.N. (Eds.), The analogical mind: Perspectives from cognitive science. Cambridge MA, MIT Press. p. 199-253, 2001.
GLYNN, S. Explainning Science Concepts: A teaching-with-analogies (TWA) Model. In: GLYNN, S. M.; YEANY, R.H. & BRITTON, B.K. (Eds). The Psycology of Learning Science. New Jersey: Lawrence Erlbalum Associeate, p. 219-240, 1991.
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