Recursos lúdicos para o ensino de Química no Ensino Médio: relato de experiência


Adriana Oliveira Bernardes
Professora; doutoranda em Ensino de Ciências (UENF); tutora do curso de Licenciatura em Matemática do Consórcio Cederj; coordenadora do Clube de Astronomia Marcos Pontes

Recursos lúdicos são importantes no ensino e aprendizagem, principalmente das disciplinas da área de Ciências, em que as dificuldades dos alunos são maiores. Em pesquisa realizada junto aos alunos do Instituto Educacional de Nova Friburgo (IENF), constatamos que a disciplina figura para eles como afastada de seu cotidiano e é tida como de difícil assimilação. Apresentamos neste trabalho experiência realizada junto aos alunos do curso de formação de professores do IENF, com os quais produzimos recursos didáticos (vídeos educativos) com o tema Polímeros e conceitos gerais de Química servindo como motivador para aprendizagem da disciplina, colaborando para que os alunos apresentassem bons resultados.
O ensino de Química no Ensino Fundamental e Médio vem sendo conduzido, de maneira geral, com poucas perspectivas de aprendizado para o aluno, que na maioria das vezes convive com a falta de laboratórios nas escolas e de professores com formação específica na disciplina.
A falta de laboratório de Química impede o aluno de ter contato direto com experiências da área, o que dificulta seu entendimento da matéria, não propiciando um aprendizado significativo.
A falta de professores de Química, o que leva a disciplina a ser ministrada por professores de outras áreas (como Ciências Biológicas, Física e, em alguns casos, até mesmo por um profissional da área de Matemática), também colabora, mesmo que a escola possua um laboratório e que seja realizado ali um trabalho sério. Na maioria das vezes, o que falta a esse professor é capacitação adequada para a realização desse tipo de atividade.
Segundo Bernardes (2006),
é necessário incentivar as feiras, mas, antes, equipar as escolas com bons laboratórios e incentivar o trabalho do professor pesquisador na escola pública, devidamente capacitado e preparado para desenvolver projetos que visem promover a autonomia e cidadania nos alunos.
Em relação ao trabalho dos professores, a mesma autora (Bernardes, 2006a) afirma que
é grande o número de professores que trabalha única e exclusivamente com aulas expositivas, e sabemos que para que os alunos venham a obter bons desenvolvimentos nessas disciplinas é necessário muito mais que a chamada, aula expositiva.
O ensino de polímeros, que ocorre normalmente no terceiro ano do Ensino Médio, pode ser trabalhado no primeiro ano para despertar o interesse dos alunos pela disciplina. Considerando que o plástico e tanto outros materiais poliméricos fazem parte do nosso dia a dia, o tema será facilmente contextualizado devido à grande presença desse material em nosso cotidiano e a problemas gerados por eles em termos de poluição ambiental.
A partir deste estudo é possível entender a importância da Química na nossa vida e sua relação com a cidadania.
O ensino de Ciências em geral vai mal das pernas no Brasil; vários exames aos quais os alunos são submetidos mostram as dificuldades nas disciplinas em geral e, em particular, no ensino de Ciências, do qual a disciplina Química faz parte.
Nesse contexto, são importantes projetos que sejam desenvolvidos no Ensino Médio, a fim de levar à escola uma discussão a respeito de questões como ecologia, poluição e importância tecnológica dos polímeros, visando ao aprendizado de Química Orgânica pelos alunos. Na Figura 1 está uma cena da gravação do jornal criado por alunas do IENF.

Figura 1: Isadora e Beatriz, alunas do IENF.
O trabalho realizado teve os seguintes objetivos:
  1. contextualizar a disciplina com temas atuais como poluição, ecologia e reciclagem de materiais;
  2. Desenvolver materiais didáticos para o ensino de Química, utilizando novas tecnologias para produção de recursos lúdicos.
Metodologia do trabalho:
Inicialmente, nosso intuito era desenvolver material didático para utilização em turmas de Ensino Médio, tanto regulares quanto as turmas de EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Os recursos criados foram:
  1. Vídeos educativos interdisciplinares que serão aplicados às turmas já mencionadas;
  2. Material multimídia tratando do tema.
O trabalho com recursos didáticos diversificados é importante, já que, segundo os PCN (2002, p. 27), “para trabalhar com Ciências Naturais, o professor deve utilizar atividades variadas, possibilitando assim que os alunos entrem em contato com temas ligados à aprendizagem científica e tecnológica”.
Vídeos educativos foram utilizados para introduzir o assunto polímeros; nesse sentido é bom lembrar que, segundo Pereira e Barros (2009), “as facilidades tecnológicas atuais deveriam servir de estímulo para a produção de vídeos e resultar em acesso público, contribuindo para a eficiência do professor e para a aprendizagem dos alunos”. Na Figura 2 estão exemplos de polímeros.
Figura 2 – Mostra alvo de interesse dos alunos na pesquisa: materiais poliméricos.
Outro fator importante que deve ser considerado é que, segundo o MEC (Brasil, 2004), “nas orientações é sugerido ao professor o trabalho com som, imagem e informação”.
A História da Química também será utilizada para colaborar no processo de ensino e aprendizagem dos alunos e fará parte de todos os materiais que serão confeccionados.

Figura 3 – Alunas que pesquisaram o tema poliuretano.
As estratégias utilizadas para realização do projeto foram:
  1. Pesquisa realizada na escola sobre as principais dificuldades encontradas pelos professores da área de Ciências para ensinar suas disciplinas e também sobre sua formação;
  2. Pesquisa sobre os conteúdos ministrados no 1o ano do Ensino Médio;
  3. Criação de materiais didáticos que possibilitem o aprendizado de Química de forma lúdica, tendo como tema transversal polímeros;
  4. Aplicação do material em turma do Ensino Regular e de EJA.
Objetivos alcançados ao final do projeto:
  1. Criação de recursos didáticos para o ensino de Química no Ensino Médio;
  2. Experiência com a utilização do lúdico no ensino de Química;
  3. Possibilidade de melhor aprendizado do assunto por alunos do Ensino Médio regular e EJA.

Referências

BERNARDES, Adriana Oliveira. Primeira Feira Nacional de Ciências Básicas. Educação Pública, nº 47, dezembro 2006. Disponível emhttp://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0083.html. Acessado em 22/03/2010.
BERNARDES, Adriana Oliveira. Um universo de descobertas. Educação Pública, nº 43, 2006a. Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0080.html. Acessado em 22/03/2010.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Brasília: MEC, 1996.
BRASIL. MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais - adaptações curriculares. Disponível em: http://www.educacaoonline.pro.br/adaptacocurriculares.asp. Acesso em 27 de setembro de 2008.
BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Básica. PCN - Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, 2006.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Super trunfo da Tabela Periódica